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Análise – Brasil e Itália*

Quase um mês separa o primeiro caso de COVID-19 da Itália e do Brasil. No dia 31/01 o país europeu confirmou seus primeiros casos da doença, dois turistas chineses provindos de Wuhan testaram positivo para a COVID-19 em Roma. No mesmo dia, o governo italiano iniciou a suspensão de vôos de ida e volta para China e declarou estado de emergência por seis meses. Menos de um mês depois, as primeiras mortes: uma mulher de setenta anos morre em Codogno e outro paciente morre em Veneto. Instala-se a pandemia no país.

Ao longo do decorrer da evolução do contágio da doença, algumas regiões da Itália se tornaram os maiores focos de espalhamento da doença como Veneto e Lombardia. A segunda região foi o ponto de partida para o primeiro caso brasileiro. No dia 25 de fevereiro, um senhor que voltara da Itália teve o vírus confirmado.

Quem agiu primeiro?

A primeira nota de quarentena italiana ocorreu no dia 21 de Fevereiro, 3 semanas após a primeira confirmação e apenas em onze municípios na Lombardia. A quarentena nacional ocorreu no dia 9 de março, com o fechamento de todos os serviços e estabelecimentos não essenciais, além da restrição da movimentação de pessoas.

Na cidade de São Paulo, as Universidade estaduais suspenderam as aulas no dia 17 de março mas a suspensa de serviços não essenciais só ocorreu uma semana depois, no dia 24. Um mês após o primeiro confirmado.

Em relação ao lockdown nacional, começamos antes a nossa quarentena, principalmente por experiência de outros países. No entanto, é possível perceber pela Figura 1 que o crescimento relativo (baseado no tamanho populacional) no número de casos ocorreu de forma mais acelerada do que na Itália, o que também justifica o processo de isolamento.

Brasil x Itália – número de mortes

Muito se especulou sobre as condições do Brasil em relação ao clima e faixa etária populacional em comparação à Itália. Em relação ao clima, não existem evidências científicas para comprovar que o clima quente expande a doença em menor velocidade. Já em relação a faixa etária, a Itália é um país com 23% da sua população acima dos 65 anos, o que aumenta o risco de morte percentual no país. Mas, segundo especialistas, a alta taxa de morte do país não é só pela população de risco, mas sim pelo atraso nas políticas de distanciamento social e subnotificação de casos, que combinados com a população idosa, faz com que as taxas de letalidade se sobressaiam em relação ao número de doentes.

Alerta

Em um mês de infecção nossa taxa é maior. A partir do dia da primeira confirmação até um mês depois, a Itália contava com 1694 casos e 59 mortes, enquanto o Brasil quantificava 2915 casos e 77 óbitos.

No final de fevereiro, o prefeito de Milão apoiou uma campanha com o slogan ‘Milão não para’. A divulgação tinha o intuito de impedir a cidade da paralisação total, o que colocaria em risco a economia. Um mês depois, Milão se tornou a terceira localidade mais atingida pela pandemia e o próprio prefeito admitiu seu erro.

Algo semelhante quase ocorreu no Brasil. O presidente Jair Bolsonaro incentivou a população a voltar as ruas para mover as engrenagens da economia. Graças a pressão social e de especialistas, a campanha foi suspensa.

Já somamos mais de 1000 mortes com o COVID-19 e o governador João Dória estendeu o estado de quarentena visto o número de testes disponíveis sendo insuficientes para entender a real situação do vírus no país. Segundo especialistas, o isolamento é a única saída para que a curva de pacientes seja achatada e para que o sistema de saúde brasileiro suporte a quantidade de infectados graves no país.

A subnotificação é um problema não só brasileiro, mas global. O isolamento tardio foi um dos maiores responsáveis pela morte de quase 20 mil pessoas até hoje.

Portanto, para se proteger e proteger ao próximo, se puder, fique em casa.

Texto desenvolvido por Mariane Neiva em 12/04/2020. Gráfico atualizado em 30/04.

*Dados normalizados de acordo com a população de cada país e exibidos a partir do primeiro caso confirmado de COVID-19